Cerca de 20 milhões de pessoas convivem com a asma no Brasil, uma doença
inflamatória crônica das vias aéreas inferiores (brônquios e bronquíolos). A asma não tem cura, mas é controlável se
tratada corretamente, com os medicamentos certos.
Recentemente, depois de um importante trabalho de mobilização
da sociedade, o protocolo clínico de diretrizes terapêuticas (PCDT), que não
era atualizado desde 2013, foi revisto e validado pelo Comitê de Secretários de
Saúde Estaduais em dezembro de 2021. Este processo garante o direito dos
pacientes a tratamentos mais modernos. No entanto, nem todos conhecem essas
inovações, o que dificulta o acesso aos novos medicamentos.
A ABRA – Associação Brasileira de Asmáticos, em parceria com
a Colabore com o Futuro, realizou uma enquete para entender as principais
barreiras e desafios enfrentados pelos pacientes de asma e verificar se as
atualizações do Rol da ANS e do PCDT no SUS têm sido um facilitador do acesso
aos tratamentos.
"A enquete foi realizada em formato online e reforçou algumas
demandas já percebidas no atendimento aos pacientes”, ressalta o presidente da
ABRA, Cláudio Abrahão do Amaral. A sondagem identificou problemas como a falta
do medicamento nas Farmácias de Alto Custo, negativas do Plano de Saúde,
necessidade de entrar com ação judicial para ter acesso aos medicamentos,
burocracia com documentações para conseguir a guia e retirada dos medicamentos
no SUS e a espera para obter o medicamento nas Farmácias de Alto Custo.
Outras barreiras identificadas pela sondagem são a falta de
medicamentos nas farmácias e hospitais e a pouca informação dada pelos
profissionais de saúde ao prescrever determinados medicamentos. Os pacientes
também apontam que os funcionários dos planos de saúde e dos servidores
públicos não fornecem informações completas e de fácil entendimento.
Ainda segundo a pesquisa, 53% dos pacientes declaram ter asma
alérgica grave. Porém ao se observar o tipo de tratamento que eles fazem,
verifica-se uma incoerência entre diagnóstico X tratamento declarado. 37% dos
pacientes que declaram fazer uso de medicamentos biológicos para asma grave
disseram não saber se seus medicamentos estão disponíveis no SUS ou no Rol da
ANS. 40% dos pacientes informaram que a maior barreira de acesso é a burocracia
(preenchimento das guias e formulários, cadastros, receituário não válido ou
errado).
Apenas 36% dos pacientes com asma grave alegam ter acesso aos
medicamentos pelo SUS e 10,5% acessam os tratamentos pelos planos de saúde.
"Assim,
esses e outros dados corroboram para o entendimento que o acesso à saúde vai
além das publicações das incorporações dos tratamentos e reforçam as
necessidades dos pacientes e do sistema, em relação à ampliação e melhoria
deste acesso”, afirma Soraya
Araújo, da Colabore com o Futuro.
Após a
percepção do cenário atual de saúde e do entendimento das principais barreiras
de acesso para os pacientes asmáticos, a ABRA e Colabore com Futuro direcionam
suas ações baseadas em três eixos:
-
SENSIBILIZAÇÃO E ENGAJAMENTO DA SOCIEDADE PARA MELHORIA DO ACESSO A SAÚDE DOS
PACIENTES ASMATICOS;
-
RESPONSABILIDADE E PROTAGONISMO DO PACIENTE PARA GARANTIA DO SEU TRATAMENTO;
- ORIENTAÇÃO
DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE SOBRE OS FLUXOS DE ACESSO AOS TRATAMENTOS.
Mais
informações podem ser obtidas em https://www.atualizaasma.com
Mobilização no Dia Mundial da Asma
O tema do Dia Mundial de Atenção e Conscientização da Asma
deste ano, escolhido pela Global Initiative for Asthma, (GINA), é 'Fechando lacunas nos cuidados com a asma'.
A entidade internacional, parceira da Organização Mundial da Saúde, admite que
há diversos hiatos no cuidado da doença, "que requerem intervenção para reduzir
o sofrimento evitável, bem como os custos incorridos no tratamento da asma não
controlada”. A data reforça a importância da mobilização dos pacientes pela
incorporação de tratamentos que garantam melhor qualidade de vida, tanto na
saúde pública quanto no sistema privado.